Voar em equipamentos modernos já é uma realidade para a maioria dos brasileiros. Conhecer e documentar aeronaves antigas, que se tornaram relíquias históricas, se tornou um hábito de muitos aficionados. Que tal, então, hospedar-se em um avião Embraer com 30 anos de história que foi transformado em um apartamento luxuoso?
Essa é a nova experiência proporcionada pela pousada Viviê, em Monte Verde (MG), a partir do próximo final de semana. O chalé Aero Flyer, um EMB120 Brasília preparado ao longo dos últimos dois anos para receber hóspedes, será a nova acomodação de luxo do estabelecimento, que atende principalmente casais e famílias no interior mineiro.
São 172 metros quadrados de espaço divididos em três andares. No primeiro, um quarto no nível da asa da aeronave, com uma TV 4K de 49 polegadas, lareira elétrica, mesa feita com partes do avião e cortinas que funcionam com controle remoto. No segundo, um banheiro com aquecedor, hidromassagem dupla com controle eletrônico de temperatura. E, no último, um terraço para descanso ao ar livre. Tudo isso interligado por uma escada em caracol que liga a aeronave a uma pequena “torre de comando”, e permeado por ambientes decorados com poltronas de avião e outros componentes.
Enquanto o chalé não é inaugurado, já é possível fazer um tour virtual nas instalações pela ferramenta Google Street View. Confira no site da pousada.
HISTÓRIA
Os dois anos de remodelação e decoração da aeronave são apenas o último capítulo de uma história que já tem quase 30. Projetado para voos regionais na década de 1980, o EMB120 Brasília hoje em Monte Verde já rodou pelo Brasil e Exterior. Em 1987, foi comprado pela Atlantic Southeast Airlines (Asa), uma companhia aérea de Atlanta, nos Estados Unidos, que mais recentemente foi absorvida pela Express Jet.
Ela voou pelo sudeste norte-americano por mais de uma década e meia, retornando ao Brasil apenas em 2003 como parte do portfólio da também já extinta Ocean Air, adotando o prefixo PR-OAN. Na companhia precursora da Avianca no País, a cor laranja rendeu o apelido de “cenourão” ao EMB120. “Foi um dos últimos aviões que a companhia operou, já a partir de outubro de 2006”, lembra o proprietário da Viviê, Marcel Oliveira, que conta ser um “sonho antigo” a utilização de um avião como hospedagem em uma pousada.
Depois, foi a Passaredo que utilizou a aeronave, que rodou por todas as regiões do Brasil, com exceção do Norte, até que ela fosse aposentada definitivamente. Já em abril de 2014, quando a máquina se encaminhava para “ficar encostada em algum canto”, como diz Oliveira, que ele viu a oportunidade de realizar seu antigo projeto. A compra, seguida de uma pesada operação de transporte do avião que exigiu desmembrá-lo e depois remontá-lo novamente, marcaram o início de sua preparação para servir na Viviê, que se encerra agora, dois anos depois, com a inauguração do chalé Aero Flyer.
EXPECTATIVA
O dono da pousada já coloca expectativa para impacto da nova acomodação sobre o público. “Já recebemos muitas consultas de pessoas que ouviram a história e se interessaram em se hospedar no avião. Mas não fizemos a divulgação ativa. Estamos fazendo tudo com calma, é algo inédito e por isso é difícil fazer projeções”, aponta.
Certo é que o Aero Flyer, preparado para receber duas pessoas, é diferente de todas as outras 11 suítes da Viviê. Na divulgação, que ocorrerá principalmente por meio de agências de viagens, sites como Booking.com e redes sociais, a esperança é que a novidade se torne um atrativo de grande escala para a pousada.
Acha que vale o investimento? Veja as fotos do Aero Flyer abaixo e tire suas conclusões.