Os esquilos são com certeza algumas das maiores estrelas da natureza local de Monte Verde. Em certos locais acabam se acostumando a ir buscar alimentos postos para eles pelos humanos e findam por, inevitavelmente, virar atração. Não são domesticáveis, mas chegam ao ponto de perderem quase todo o seu receio e medo e apanhararem sementes (como amendoins ou avelãs) na própria mão das pessoas que lhes oferecem.
Os animais existentes por aqui são do tipo arborícola – que vivem em árvores a maior parte de suas vidas – , mas o termo “esquilo” é na verdade uma designação muito mais ampla e que abrange espécies de roedores espalhados por quase todo o mundo e inclui também os esquilos do tipo terrestre (que cavam túneis e vivem em colônias) e os esquilos “voadores” (que planam nos saltos entre árvores ao utilizar membranas entre os membros como asas e a cauda aplainada como leme). A maioria das espécies desses mamíferos – tanto terrestres como voadores ou arborícolas – encontra-se em zonas de clima temperado ou então tropical, o que não impede, entretanto, que determinadas espécies vivam em locais de frio extremo, como é o caso das chamadas “marmotas”. O clima tropical de altitude encontrado na cidade de Monte Verde, como se pode ver, favorece esses pequenos animais e se faz muito apropriado a eles, sem falar, é claro, da vegetação, que dá aos esquilos exatamente os alimentos que apreciam.
Com dentes extremamente fortes, sua dieta resume-se principalmente a sementes (em geral bolotas, algumas muito duras). Nozes, avelãs e – especialmente no caso de Monte Verde – pinhões, dentre outras, estão entre as consumidas. Não comem apenas isso, no entanto: também ingerem insetos e algumas frutas.
Geralmente, vivem em florestas de coníferas (árvores em formato de cone) e caducifólias (cujas folhas mudam de cor e caem em determinada estação). Na nossa região, exemplos de coníferas são a araucária, o pinheiro-bravo – cujo topo em forma piramidal ocorre na realidade só entre os vegetais jovens – , o cipreste, a espécie Pinus elliottii e o cedro.
Quanto a relação desses animais com tais plantas, esta não se relaciona apenas à seus hábitos alimentares, mas está também estritamente ligada a sua proteção e abrigo, tornando-se nesse sentido a conservação das matas diretamente refletiva na preservação desses simpáticos mamíferos. É no alto das árvores e o mais distante possível do chão, que fazem os seus ninhos à base de galhos e folhas, em bifurcações de ramos, bem escondidos dos olhos atentos de predadores metros abaixo no solo. Nestes lugares onde passam a maior parte do tempo, zelam por abrigar os filhotes do vento e da chuva.
Podem dar à luz por ninhada, conforme a espécie, de 3 a impressionante quantia de 10 filhotes, que demoram apenas algumas semanas – quase um mês – para vir ao mundo.
Mas além de se alimentar e cuidar dos filhotes, o que esses animais tanto fazem nas copas das árvores? Dormem. Isso mesmo, dormem. Mas atenção: esquilos não hibernam, como alguns imaginam; no entanto, dispõem de uma técnica bem interessante: alternam fases de sono mais longas que o normal economizando energia em climas adversos.
De todos os fatos sobre os esquilos, o que talvez seja o mais interessante e até engraçado é relativo ao seu papel ecológico nas florestas em que vivem. Tais roedores têm o hábito – quase compulsivo – de enterrar sementes e mais sementes, numa tentativa de guardar alimento para dias mais frios, por exemplo, e economizar energia. Como no entanto, enterram tantas sementes quanto podem depois recolher ou lembrar os locais exatos onde as esconderam, muitas acabam por, esquecidas ou ignoradas, germinar e dar origem a novas árvores, que por sua vez, no futuro proverão mais suprimento aos roedores. Assim, os esquilos são “jardineiros” pois, diferente de outros animais que normalmente deixam cair sementes no solo ou que mesmo defecam sementes que mais tarde brotam, eles as plantam literalmente na terra. Dessa maneira tão interessante, animais tão pequenos como os esquilos são alguns dos maiores responsáveis aqui por perpetuar o plantio de árvores enormes como as araucárias.
Redação MonteVerde.com.br ®
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